terça-feira, 16 de agosto de 2011

Caixa e BB puxam crédito no segundo trimestre e Santander freia



Os bancos públicos puxaram o crescimento do crédito no país de abril a junho deste ano. As carteiras da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil tiveram uma expansão somada de R$ 34,1 bilhões na comparação com março, com crescimento de 8% e 5,1%, respectivamente. É um volume de empréstimos e financiamentos maior do que a soma das três maiores instituições privadas no país - Itaú Unibanco, Bradesco e Santander -, que adicionaram R$ 29,7 bilhões.

Isso acabou se refletindo na última linha do balanço dos bancos públicos. A média de crescimento do lucro das cinco maiores instituições do país foi de 8,2%, mas Caixa (79,9%) e Banco do Brasil (14,5%) avançaram acima disso.

Em meados do ano passado, os três bancos privados chegaram a ensaiar uma reação para retomar o espaço perdido durante a crise econômica de 2008, mas a estratégia não tem vingado até agora. No acumulado deste ano, esse movimento se repete: os públicos colocaram R$ 55,2 bilhões, e os privados R$ 50 bilhões.

Dois movimentos explicam esse desempenho dos bancos públicos. Um deles é a própria velocidade das contratações de novas operações de crédito dentro das instituições controladas pelo governo, que crescem a passos mais largos. A média de crescimento das carteiras dos cinco maiores bancos do país foi de 5,1% de março para junho deste ano, mas só Caixa e Banco do Brasil ficaram nesse patamar ou acima dele.

Aliado a isso está o ritmo mais modesto de crescimento do Santander em relação a seus principais concorrentes no Brasil. Desde julho do ano passado, a subsidiária brasileira do banco espanhol perdeu para a Caixa a quarta colocação entre as maiores carteiras de crédito do país, entre os bancos com operação de varejo.

Essa inversão de posições ocorreu depois de o Santander ter feito uma oferta de ações na bolsa de valores de R$ 13,8 bilhões em outubro de 2009, sob o argumento de que pretendia crescer suas operações no país. Naquela época, o banco espanhol tinha uma carteira de crédito de R$ 136 milhões, enquanto a Caixa acumulava R$ 112 milhões, uma diferença de R$ 24 bilhões. Em junho deste ano, com as posições invertidas, a vantagem do banco estatal sobre o Santander foi de R$ 30 bilhões.

No último trimestre, o motor de crescimento da Caixa continuou sendo a habitação, cuja carteira para pessoas físicas e jurídicas avançou R$ 12,6 bilhões.

As concessões de crédito imobiliário da Caixa atingiram R$ 45 bilhões até agosto deste ano, volume acima do esperado, o que levou a uma revisão da meta para cima. "Esperávamos atingir R$ 81 bilhões neste ano. Mas, com os números até agosto, revisamos as metas e já esperamos atingir R$ 90 bilhões em concessões no ano", disse o presidente da Caixa, Jorge Hereda na semana passada, durante a divulgação de resultados. Parte disso deve vir do Minha Casa Minha Vida, cujas liberações para a faixa de zero a três salários devem começar no segundo semestre.

Outro segmento importante para a Caixa foi o de crédito comercial, aquele voltado para as empresas. Só a linha de capital de giro teve um crescimento de R$ 3,7 bilhões, alta de 16,9% no trimestre.

A questão que se coloca para o fim do ano é: os bancos públicos continuarão puxando a expansão do crédito no país como aconteceu no segundo trimestre? Itaú Unibanco, Bradesco e Santander não reviram suas projeções de carteira para 2011, mas já deram sinais de que esperam que o crescimento não alcance o teto das metas. Além disso, com medo do calote, estão se refugiando em linhas de menor risco, como empréstimos com desconto em folha de pagamento.

Na Caixa, a meta traçada no começo do ano foi de um aumento de 30% da carteira, mas o número tem sido considerado pela própria diretoria como conservador, tanto pelo desempenho dos anos anteriores quanto pelos números do primeiro semestre. A aposta está na ampliação da carteira comercial, que chegou a R$ 63,2 bilhões no primeiro semestre, com crescimento de 21,7% em doze meses.

Em sentido oposto, o Banco do Brasil reviu para baixo suas expectativas para os empréstimos e financiamentos. De um crescimento de 17% a 20% no ano para o patamar mais moderado de 15% a 18%.

Em entrevista coletiva na semana passada, Aldemir Bendine, presidente do Banco do Brasil, afirmou que a revisão está relacionada às medidas de contenção ao crescimento do crédito anunciadas pelo governo no fim do ano passado. "Não tínhamos contemplado as medidas macroprudenciais na projeção e decidimos esperar o fim do primeiro semestre para rever", disse Bendine.


Fonte: Valor Econômico

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