sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Corte de 0,5% na Selic é insuficiente para reaquecer economia, diz Contraf



A Contraf-CUT considera que a queda de 11% para 10,5% ao ano da taxa Selic, promovida nesta quarta-feira (18) pelo Copom, foi insuficiente para reaquecer a economia brasileira e estimular o crescimento do país de forma sustentável com desenvolvimento e distribuição de renda.

"Apesar da redução, o país ainda mantém o posto de campeão dos juros altos. Enquanto a Europa e os Estados Unidos vivem o agravamento da crise, a saída para o Brasil é o fortalecimento da produção e do mercado interno e o Estado deve comandar este processo induzindo o desenvolvimento com corte drástico dos juros e ampliação das políticas públicas", afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT.

Para ele, "a queda de 0,5% na Selic traz uma economia de cerca de R$ 8,5 bilhões na dívida pública, o que é positivo, mas o ganho podia ter sido maior se a redução tivesse sido mais expressiva". O dirigente sindical considera a Selic "um programa de transferência de renda aos donos de títulos públicos, a chamada bolsa-banqueiro, o que precisa acabar".

"Entramos em 2012 e percebermos que o Banco Central continua sem coragem de enfrentar a força do sistema financeiro, mantendo o país na posição de campeão dos juros altos e favorecendo a sanha do capital especulativo e o apetite dos investidores do mercado financeiro, voltados para os lucros cada vez maiores", critica o presidente da Contraf-CUT.

Carlos Cordeiro avalia que "o Brasil precisa estabelecer condições que garantam a continuidade do ciclo de desenvolvimento econômico, inclusive como antídoto para proteger a economia de qualquer problema que possa advir da crise europeia".

Para o dirigente da Contraf-CUT, além das metas de inflação, o BC deveria fixar também metas sociais, como o aumento do emprego e da renda dos trabalhadores e a redução das desigualdades sociais do país. "As altas taxas de juros retiram dinheiro das políticas públicas que combatem as desigualdades, o que contribui para que o Brasil continue entre os dez países com pior distribuição de renda do mundo", salienta Cordeiro.

O dirigente sindical espera que os reflexos da redução da Selic cheguem também aos clientes dos bancos. "Não basta apenas reduzir a taxa Selic. É preciso acabar também com a aberração dos juros praticados pelos bancos, que continuam nas alturas", enfatiza. "Os juros do cartão de crédito no Brasil, por exemplo, são os mais elevados na comparação com outros países da América do Sul e México, sendo que a soma das taxas de seis países não chega ao valor médio cobrado pelas operadoras no Brasil", destaca.

Segundo pesquisa da Pro-Teste, o brasileiro paga taxa média de 238% ao ano se opta pelo crédito rotativo. Na Argentina, os juros do cartão de crédito chegam a 50% ao ano. No Chile e no Peru, a taxa fica em 40% e, no México e na Venezuela, os patamares são ainda menores: 36% e 29%. Já na Colômbia, os juros são de 28,5% ao ano.

"Está mais do que na hora de discutir o papel do BC e dos bancos na sociedade brasileira", defende Cordeiro. A Contraf-CUT propõe e trabalha para viabilizar a realização da 1ª Conferência Nacional sobre o Sistema Financeiro, a exemplo de outras já promovidas, como a da Saúde, Segurança Pública e Comunicação.

"Queremos que todos os agentes sociais possam debater o papel e a atuação das instituições financeiras, assim como o acesso ao crédito, a política de juros e a inclusão bancária para todos os cidadãos brasileiros sem precarização e sem exclusão", conclui Cordeiro.



Fonte: Contraf-CUT

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