segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Ex-donos do Cruzeiro do Sul suspeitos de desviar até R$ 1 bi para exterior



Folha de São Paulo
Julio Wiziack

As fraudes que levaram o Banco Cruzeiro do Sul à liquidação podem ter alimentado contas no exterior em nome dos controladores da instituição em até R$ 1 bilhão. 

A suspeita e a estimativa são de técnicos que acompanham as investigações conduzidas pela Polícia Federal. 

Os supostos desvios foram um dos motivos que levaram o Ministério Público Federal em São Paulo a pedir, na terça-feira, a prisão preventiva dos ex-controladores, Luis Octávio Indio da Costa e Luiz Felippe Indio da Costa. 

Hoje, a PF deve ouvir o depoimento de Luís Felippe Indio da Costa, pai de Luis Octávio ---que continuava preso no Cadeião de Pinheiros, em São Paulo, até o fechamento desta edição. 

As autoridades afirmam que eles têm contas em paraísos fiscais e suspeitam elas foram alimentadas por desvios de recursos do Cruzeiro. 

A Folha apurou que essa é uma das questões a serem apuradas pelo delegado da PF Milton Fornazari Junior durante o depoimento de Luís Felippe, que está em prisão domiciliar, no Rio de Janeiro, por ter mais de 80 anos. 

De acordo com a sentença do juiz Márcio Catapani, "há fatos concretos que demonstram terem os investigados agido com a intenção de subtrair bens à ação do Estado e pô-los a salvo de eventuais medidas determinadas". 

Pelo menos outras cinco pessoas ligadas às fraudes ainda podem ser indiciadas pela PF nos próximos dias. Consultada, a PF não falou até a conclusão desta edição. 

DENÚNCIA 

O Ministério Público Federal em São Paulo só aguarda o encerramento das investigações da PF para concluir a denúncia e enviá-la à Justiça Federal. A previsão é que isso ocorra em duas semanas. 

A Folha tentou contato com Roberto Podval, advogado dos ex-controladores do Cruzeiro, desde terça, e não obteve resposta. 

Até o fechamento desta edição, não havia registro de habeas corpus em nome de Luis Octávio na Justiça, mas Podval fará o pedido. 

Nos bastidores, a expectativa na Justiça e no Ministério Público Federal é que o pedido seja negado. 

Os Indio da Costa respondem por um esquema de fraudes que levaram não somente a um rombo de R$ 2,2 bilhões, mas a um prejuízo ainda não contabilizado ao sistema financeiro. 

Eles são acusados de um esquema de desvios de ativos iniciado em 2009 que abrangia as principais áreas do banco, particularmente a oferta de crédito consignado e fundos de investimento. 

Também são suspeitos de manipular as ações do banco para gerar lucros que não existiam e foram embolsados. 

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