quinta-feira, 5 de julho de 2012

Fenaban enrola e mais uma vez não traz dados sobre promoção de igualdade

  
Crédito: Jailton Garcia - Contraf-CUT
Jailton Garcia - Contraf-CUTBancários querem medidas efetivas de combate às discriminações

A Contraf-CUT, federações e sindicatos cobraram na terça-feira (3) da Fenaban, durante a reunião da mesa temática de Igualdade de Oportunidades, avanços no plano de ação propagandeado pelos bancos por ocasião da divulgação do resultado do Mapa da Diversidade, em 2009, feito com o objetivo de corrigir as distorções de gênero, raça e pessoa com deficiência nas instituições financeiras. 

"Os avanços devem ser traduzidos em números concretos e medidas efetivas no combate à discriminação e não simplesmente serem usados como marketing político", afirma Deise Recoaro, secretária de Mulheres da Contraf-CUT. 

Apesar de os assuntos tratados na reunião terem sido encaminhados com antecedência, os bancos não trouxeram os dados solicitados pelo movimento sindical e a reunião terminou com alguns pontos em aberto.

Foram três pontos discutidos: o monitoramento do Portal de Igualdade, realizado pela Febraban, o acompanhamento da quantidade de casais homoafetivos, conforme estabelece a cláusula 47ª da Convenção Coletiva de Trabalho que trata da extensão da isonomia de tratamento, e a avaliação do curso de formação de líderes promovido pela Febraban, como parte de um programa que visa a sensibilização dos gestores sobre o tema da diversidade.

Segundo Andrea Vasconcelos, secretária de Políticas Sociais da Contraf-CUT, o que acontece é que na teoria todos os bancos afirmam que desejam acabar com a discriminação, porém na prática o que se observa é eles não estão apresentando os resultados que o movimento sindical espera. "Precisamos de ações concretas e eficazes que de fato coloquem fim na discriminação existente nos bancos", ressalta Andrea. 

Portal de Igualdade

As entidades sindicais reivindicaram a divulgação de informações sobre o Portal de Igualdade, criado para receber currículos e divulgado pela Febraban como instrumento de inclusão. "Queremos saber informações sobre as pessoas que estão sendo contratadas, se são mulheres, negros, homossexuais e em quais funções estão sendo alocadas", explica Andrea. 

"A entidade patronal até se comprometeu a fazer uma divulgação deste processo a cada seis meses, com base nos dados da Rais. Mas deixamos claro que essa informação é insuficiente para saber se o Portal de Igualdade está sendo usado como instrumento de inclusão de fato", observa Andrea. 

Casais homoafetivos

Os dirigentes sindicais também solicitaram informações sobre o direito conquistado na Convenção Coletiva de Trabalho para evitar a discriminação por orientação sexual nos bancos. "Cobramos que a Fenaban apresente números referentes aos casais homoafetivos, uma vez que a partir do reconhecimento da união civil as pessoas dão entrada nos bancos para a inclusão no plano de saúde", enfatiza Andrea.

Os bancários também questionaram o formulário divulgado pelos bancos que não possui nenhum item sobre orientação sexual. No entanto, apesar da informação enviada com antecedência de que esse ponto seria discutido no encontro, o item ficou em aberto e será tratado na próxima reunião. A Fenaban alegou que não teve tempo suficiente para analisar a questão.

Curso de formação de líderes 

O movimento sindical avalia que, para combater as discriminações, é necessário desconstruir conceitos e preconceitos históricos na sociedade. A categoria bancária é exemplo de diálogo social devido ao amadurecimento adquirido depois de mais de uma década de intenso debate com os bancos. 

"Desta forma, o curso de formação de líderes da Febraban pode cumprir um papel importante nesta desconstrução. Essa é mais uma ação afirmativa anunciada no plano de ação e, por isso, queremos contribuir com a visão do movimento sindical em relação ao tema. A própria Febraban reconhece que os sindicatos impulsionaram esse debate junto aos bancos", comenta Deise.

Aliás, o curso de formação de líderes tem sido usado pelos bancos como uma ação afirmativa voltada para gerar sensibilidade nos gestores sobre o tema. "Essa é uma questão importante porque é o gestor que tem o poder de contratação e promoção e, uma vez sensibilizados sobre os conceitos de igualdade, acreditamos que teremos mais oportunidades e democratização do acesso", avalia Andréa. 

Ficou decidido durante o encontro que esse curso será novamente discutido em próximas reuniões para que o tema seja aprofundado. 

Nova reunião da mesa temática

A Fenaban propôs a realização de uma nova reunião da mesa temática para o final deste mês, em data ainda a ser definida, para que os debates sejam retomados e os dados com os quais se comprometeram sejam apresentados.

Participação

Além de Deise e Andrea, participaram da reunião Adilson Barros, secretário de Relações de Trabalho da Contraf-CUT, Denise Correa (Fetrafi/RS), Neiva Ribeiro (Fetec/SP), Sandra Trajano (Fetec/NE), Magna Pinhal (Fetraf/MG), Ângela Ulisses Savian (Feeb SP/MS) e Adilma Nunes (Fetec/RJ e ES), Jair Sabudio (Fetec/PR) e Wadson Boaventura (Fetec/CN).


Fonte: Contraf-CUT

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