quarta-feira, 23 de março de 2011

Programa contra assédio moral já traz primeiros resultados em São Paulo



Menos de dois meses após o início do Programa de Combate ao Assédio Moral, um caso da base do Sindicato dos Bancários de São Paulo já foi resolvido. É um tempo recorde, levando-se em conta que o Sindicato primeiro apura a denúncia antes de mandá-la ao banco e que, depois disso, a empresa ainda tem um prazo de até 60 dias para tomar providências.

Nesse caso, o banco resolveu o problema em 35 dias. Para o Sindicato, a solução - que não será informada para evitar a exposição do bancário - poderia ser melhor.

"Combater o assédio moral, de fato, significa construir na cabeça do assediador outro tipo de conduta. E isso se faz mudando o modo de gestão dos bancos, acabando com a cobrança por metas abusivas e venda irresponsável de produtos, por exemplo", afirma a secretária-geral do Sindicato, Raquel Kacelnikas.

O doutor em Psicologia Social Roberto Heloani concorda. Autor de vários livros sobre o tema e um dos fundadores do site www.assediomoral.org, Heloani explica que o assédio moral é um tipo de violência organizacional.

"O assédio acontece em ambientes de trabalho propícios para isso, onde há competição exacerbada e hierarquia supervalorizada, entre outros aspectos. É uma questão organizacional, portanto. Em ambientes de trabalho saudáveis, nos quais o respeito à pessoa é levado a sério, não há situações que favoreçam a ocorrência do assédio", explica.

O psicólogo esclarece ainda que o assédio "é uma conduta abusiva, acontece com frequência e regularidade e incide sobre um grupo ou uma pessoa. Parte geralmente do superior contra seu subordinado, com a intenção de humilhar, diminuir, constranger e isolar o trabalhador". Ele classifica o problema como um "câncer social", que, além de adoecer o empregado, podendo levá-lo à depressão e ao suicídio, afeta as pessoas que convivem com ele.

Além disso, acrescenta, o mal atinge de tal forma a vítima que, em alguns casos, ela passa a duvidar e a ter vergonha de si mesma por acreditar nas ofensas que ouve. E a denúncia, diz, é o primeiro passo para romper essa situação. "O bancário tem de informar seu sindicato sobre o que está acontecendo. Isso é fundamental na luta contra o problema", afirma.

Denuncie

O Programa de Combate ao Assédio Moral foi uma das conquistas mais importantes da Campanha Nacional de 2010 e foi estabelecido em acordo aditivo assinado pelos bancos no dia 26 de janeiro deste ano. As denúncias são feitas por meio de um formulário disponível no site do Sindicato (basta clicar no banner que fica no alto da página, à direita) e o sigilo sobre a identidade do denunciante é garantido. O relato deve ser claro e detalhado para que o Sindicato possa apurar a denúncia.

O acordo conquistado pelos bancários é inédito no país e reflete o pioneirismo da categoria no enfrentamento do problema que adoece física e psiquicamente milhares de trabalhadores brasileiros de diversos setores da economia.

Mas, para que funcione, lembra a secretária-geral do Sindicato, é importante que o bancário denuncie. "A melhor forma de combater o assédio é sair do isolamento", reforça Raquel.


Fonte: Seeb São Paulo

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