quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Para BC, captações dos bancos reduzem risco de estresse de liquidez



O saldo total das captações do sistema bancário aumentou R$ 186,1 bilhões entre dezembro de 2010 e junho de 2011, crescimento de 9,1% em relação ao semestre anterior. O aumento se deu, principalmente, nas operações de depósitos a prazo, letras financeiras e obrigações por empréstimos e repasses.

O Banco Central analisa no "Relatório de Estabilidade Financeira", divulgado na terça-feira (20), que o sistema bancário possui recursos suficientes para financiar suas operações. "As instituições continuam a deter níveis elevados de ativos para fazer face à eventual situação de estresse de liquidez", diz o relatório.

Os bancos de grande porte foram os maiores responsáveis pelo aumento de R$ 72,8 bilhões no estoque de depósitos a prazo, tipo de captação que atingiu, em junho de 2011, um total de R$ 745,2 bilhões em todo o sistema financeiro. Os depósitos a prazo foram a principal forma de captação para os bancos maiores no primeiro semestre (32,32%). Essas instituições possuem maior diversificação de fontes de financiamento, além de captarem recursos com clientes de varejo, os quais, para o Banco Central, apresentam maior estabilidade.

Já o crescimento do estoque dos depósitos dos bancos menores se deve, principalmente, à incorporação de rendimentos. Na análise do BC, essas novas captações foram suficientes para cobrir os resgates. As instituições de menor porte mantiveram a dependência dos depósitos a prazo como fonte de recursos (55,11% para os micro e 46,59% para os pequenos bancos).

Houve crescimento expressivo na emissão e no estoque de letras financeiras, que totalizaram R$ 91,6 bilhões no período. De acordo com o BC, a captação por meio de LFs se tornou mais atrativa para os bancos e investidores, principalmente os de grande porte, em decorrência da isenção do recolhimento compulsório no fim do ano passado.

As obrigações por empréstimos e repasses subiram 12,9% (R$ 44,9 bilhões) no semestre. Nesse tipo de captação tiveram destaque os empréstimos captados no exterior, que expandiram 24% (R$ 213 bilhões). Segundo o BC, o aumento se deve à elevada liquidez internacional e as diferenças entre as taxas de juros praticadas pelo Brasil e demais países.

De acordo com a autoridade supervisora, a liquidez doméstica e internacional impactou o ingresso de recursos externos. O BC diz que, se preciso for, utilizará o estoque de compulsório (R$ 400 bilhões) para garantir a liquidez ao sistema bancário brasileiro.

Os repasses dos recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Agência Especial de Financiamento Industrial (Finame) tiveram um crescimento de 9,3% (R$ 22 milhões) no primeiro semestre, uma desaceleração quando comparado com os outros semestres.

As captações líquidas da poupança ficaram negativas em R$ 3 bilhões no acumulado do semestre, influenciadas, segundo o BC, pelos aumentos sucessivos da taxa de juros no primeiro semestre que fazem com que esse tipo de aplicação seja menos atrativo quando comparados aos depósitos a prazo ou fundos de investimento.


Fonte: Murilo Rodrigues Alves - Valor Econômico

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